"...Mas o quociente de dor que a gente sofre já não é chocante o bastante para não precisar de uma amplificação ficcional, que dê às coisas uma intensidade que é efêmera na vida e que por vezes chega a passar despercebida? Não para algumas pessoas.
Para umas poucas, muito poucas, essa amplificação, que brota do nada, insegura, constitui a única confirmação, e a vida não vivida, especulada, traçada no papel impresso, é a vida cujo significado acaba sendo mais importante..." (Philip Roth, Fantasma Sai de Cena).

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A gente nunca sabe

Vi um documentário. Sobre o Waldick Soriano. Não foi por falta de opções à disposição. Depois da partida da ilha metafórica, já disponho de mais de 3 canais.

Interessante deixar-se surpreender por algo tão inusitado quanto... Waldick Soriano.

Em determinado momento, ele disse:

"A gente nunca sabe onde vai chegar....
... e como vai chegar..."

De fato, já pensei algumas vezes: "gostaria de saber onde isso vai dar..."

Quis conhecer, de antemão, o resultado de alguma investida.

Mas nunca me perguntei: "como eu vou estar, ao final disso tudo?"

Daí, Waldick me fez concluir que, via de regra, tentamos visualizar o desfecho de nossas ações, mas não temos como praxe pensar no custo pessoal dessas mesmas ações, nem cogitamos as intercorrências que - embora não impeçam a obtenção do resultado almejado - nos modificam tanto que o próprio resultado já deixa de ter o sentido e o valor originalmente concebidos.

Resumindo, talvez seja mais importante chegar bem do que apenas chegar.

E, se não é possível prever e controlar tudo quanto possar interferir no atingimento de um objetivo, talvez seja possível, pelo menos, controlar as nossas condições pessoais no decorrer da empreitada, possibilitando que, no final de determinado projeto, não estejamos tão alienados, esgotados ou modificados, a ponto de já não ver sentido na conquista alcançada.

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