O amor tem de nos alimentar e nos consumir ao mesmo tempo. Se só alimenta, enche; se só consome, esvazia. Pensando assim, creio que tive uma relação de amor com a Ilha Metafórica, pois ela me alimentava (de espaço e ócio) e me consumia (com idéias e planos).
Esse blog, por exemplo, foi concebido e gestado na Ilha. Nasceu sob o signo da solidão, e deu seus primeiros passos nos amplos campos que se estendiam à vista da janela de meu apartamento...
Hoje não moro mais na Ilha.
E vejo claramente a diferença que faz: ainda estou cheio de idéias e planos, mas aquele espaço todo e aquele ócio ficaram para trás.
Hoje meus horizontes estão próximos demais; e o tempo é premente. Isso comprime meu ser, fazendo com que eu me sinta um compartimento pequeno para tantos acontecimentos.
Sei que depende de mim encontrar um lugar no mundo que me alimente e me consuma, como o amor que perseguimos.
É isso que me faz caminhar.
“Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver”.
(Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos").
*A Ilha Metafórica nunca foi conceituada neste blog (nem precisaria), mas foi mencionada pela primeira vez no post do dia 24 de janeiro de 2009.
domingo, 3 de maio de 2009
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