Jantando, para amenizar o silêncio (não costumo fazer isso; gosto do silêncio), liguei a televisão. Como não desejasse assistir a nada sério, fui para o canal de clipes. De repente, entre pedaços de pão, escutei justify my love, da Madonna.
Não tenho predileção específica pela Madonna, mas gostei muito de ouvi-la sussurrar: justifique meu amor...
Devaneios alimentares (aquele requeijão estava mesmo com uma aparência alucinógena) me fizeram compor uma cena em que eu, com olhar lânguido, diria isso a uma bela mulher: justifique meu amor!
Retornando dos devaneios, quis entender qual o significado de "justificar o amor", porque, a rigor, o amor é, por razões óbvias, sempre justificado. Amar é um processo natural (naturalmente doentio, diria Freud) pelo qual o olhar do ser amado nos torna menos faltantes (pra não dizer ilusoriamente completos). Amar preenche nossos buracos existenciais e, em suma, essa é uma justificativa suficiente. Logo, não faria sentido dizer para alguém "justifique meu amor..."
Bem, na verdade faria.
Retornando dos devaneios, quis entender qual o significado de "justificar o amor", porque, a rigor, o amor é, por razões óbvias, sempre justificado. Amar é um processo natural (naturalmente doentio, diria Freud) pelo qual o olhar do ser amado nos torna menos faltantes (pra não dizer ilusoriamente completos). Amar preenche nossos buracos existenciais e, em suma, essa é uma justificativa suficiente. Logo, não faria sentido dizer para alguém "justifique meu amor..."
Bem, na verdade faria.
Dentro dos possíveis sentidos a serem construídos, elaborei um com auxílio do dicionário Oxford.
Para o dicionário Oxford (http://oxforddictionaries.com/definition/justify), uma das definições de "justify" é "be a good reason for".
Para o dicionário Oxford (http://oxforddictionaries.com/definition/justify), uma das definições de "justify" é "be a good reason for".
Nesse caso, faz mesmo sentido dizer "seja uma boa razão para meu amor".
Porque o amor até pode ser, abstratamente falando, sempre justificado. Mas ele vale a pena mesmo quando encontramos alguém que seja uma boa razão para amar.
Porque o amor até pode ser, abstratamente falando, sempre justificado. Mas ele vale a pena mesmo quando encontramos alguém que seja uma boa razão para amar.
Caro filósofo amador,
ResponderExcluirSerá que existe mesmo uma justificativa para o amor?
Para haver justificativa, um quê de racionalidade deve gravitar em torno do núcleo justificador.
Acho que o coração é terra de ninguém. Ama quando quer, quem quer e porque quer.
Acho que Eros nasce e morre sempre de maneira imprevisível.
Isso me fez lembrar de um poema de Pessoa:
Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.
Fernando Pessoa
Um grande beijo,
Carla