Hoje ouvi um relato de sincera crueldade. Um casal discutia; o homem falava mais, e com maior potência, que a mulher. Ambos diziam palavras que só confirmavam que já não eram mais um casal; palavras que demonstravam a impossibilidade de ainda ficarem juntos.
Lá pelas tantas, um dos argumentos do marido foi o de a esposa não saber educar o filho. Disse que o filho de 16 anos só arrumava confusão, e que estava se tornando "um marginal". Ao ouvir isso, a mulher, até então cabisbaixa, levantou os olhos e disse:
_ Ele [o filho] está revoltado porque vê você me batendo e, como não pode bater em você, acaba descontando nas outras pessoas....
A verdade cruel e retumbante dessa afirmação me desconcertou.
Em primeiro lugar, porque me mostrou que, por trás da aparente simplicidade de espírito da esposa, havia uma mulher perspicaz, cujo sofrimento era maior justamente por ter noção do ciclo perverso de que fazia parte.
Em segundo lugar, a afirmação me desconcertou porque me fez sentir um pouco a revolta do jovem cuja mãe era espancada pelo pai... Acredito que um dos piores sentimentos seja o de se ver impotente em face da violência perpetrada contra um ente querido – e, dentre os entes queridos, creio que as mães ocupam um lugar de destaque.
Enfim, sei que a história desse casal não é inusitada. Pelo contrário, é a mesma história de milhões de casal no mundo. Mas será que percebemos que seremos atingidos por esse ciclo perverso de violência (do qual somos coadjuvantes)? Será que percebemos que a revolta do filho recairá sobre nós?
Essa é questão.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
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