Ontem coloquei "Pink Floyd Live in Pompeii" no dvd e fiz algumas ligações mentais, as quais me levam a escrever este post.
De início, ao ver Richard Wright e David Gilmour cantando Echoes, pensei que aquele era um belo retrato da juventude.
A identificação com a juventude foi estética e sonora: a barba espessa de Wright; o cabelo comprido de Gilmour (ambos à moda dos jovens setentistas); e uma interpretação intensa e poderosa da canção (como se as vozes viessem do alto de uma montanha, atravessassem um vale extenso e chegassem aos ouvidos de alguém situado a uns três quilômetros de distância...).
Depois dessa associação, pensei: "como o Richard Wright pode ter morrido? Não dá pra acreditar que ele morreu..."
A primeira ligação, creio seja óbvia, foi dos conceitos de força e intensidade com a ideia de juventude.
A segunda ligação mental foi entre a ideia de juventude e de imortalidade, pois, vendo Wright ainda jovem (em gravação de 37 anos atrás!), não pude acreditar que ele houvesse falecido (o que ocorreu há alguns meses).
Isso me levou a pensar: o que me faz ligar a ideias de intensidade, força e imortalidade à noção de juventude??? De onde vêm essas ligações mentais???
Tentando encontrar algum subsídio para responder a essas perguntas, procurei saber se existia algum mito antigo sobre juventude (a procura pelo mito talvez tenha sido sugestionada pela locação do show: Pompéia, Grécia, mitos...).
Digitando a expressão "juventude e mito" no Google, o primeiro link que apareceu foi o do artigo "A IDADE MÍDIA: UMA REFLEXÃO SOBRE O MITO DA JUVENTUDE NA CULTURA DE MASSA", da autora Letícia C.R. Vianna.
Parei a pesquisa por aí e fui ler o artigo. Dele extraí as seguintes conclusões:
a) minhas ligações mentais (acima relatadas) decorreram, em grande parte, da influência da "verdade da massa". A "verdade da massa" é que a juventude seria o ápice da realização humana, período em que se poderia gozar ilimitadamente - e sem o peso da responsabilidade - de todos os prazeres produzidos pela sociedade de consumo;
b) o enaltecimento da juventude é uma forma de negação da velhice e, consequentemente, uma negação da morte. O medo da morte gera esse apego indevido a algo que sabidamente é efêmero: a juventude biológica.
Depois dessas conclusões, parei de fazer ligações mentais.
"EU QUERIA TER o tempo e o sossego suficientes
Para não pensar em coisa nenhuma,
Para nem me sentir viver,
Para só saber de mim nos olhos dos outros, refletido"
(Alberto Caeiro).
sábado, 18 de julho de 2009
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