"...Mas o quociente de dor que a gente sofre já não é chocante o bastante para não precisar de uma amplificação ficcional, que dê às coisas uma intensidade que é efêmera na vida e que por vezes chega a passar despercebida? Não para algumas pessoas.
Para umas poucas, muito poucas, essa amplificação, que brota do nada, insegura, constitui a única confirmação, e a vida não vivida, especulada, traçada no papel impresso, é a vida cujo significado acaba sendo mais importante..." (Philip Roth, Fantasma Sai de Cena).

quarta-feira, 12 de maio de 2010

diálogos impossíveis

Diálogos impossíveis.

Vizinho bate à porta.

_ Olá, sou seu vizinho do 901. Desculpe incomodar a essa hora, mas do meu apartamento ouço a música que toca no seu cd player... É só pra dizer que eu também curto Pink Floyd e acho que Time tem mesmo que ser ouvida no último volume...

ou

_ Olá, sou seu vizinho. Vi que você estava escutando Eleanor Rigby, que  por sinal é minha música favorita. É que eu comprei um box importado com toda discografia dos Beatles e não tenho tido tempo pra escutar, então se você quiser emprestado...

ou

_ Olá, cara, beleza? Moro no apê do final do corredor. Vi que você tava tocando guitarra com o ampli a mil... Eu toco baixo. Sou parceiro para fazer um blues...

ou, por fim

_ Meu caro vizinho, bati à sua porta só para dizer que percebi o seu semblante angustiado hoje no elevador.   Talvez esse livro do Sartre possa lhe ajudar...

Um comentário:

  1. Funcionamos como solidões em grupo, embalados pelo sonho de uma fusão impossível que aliviasse nossas inquietações e nos desse significado. Trecho extraído de Lya Luft - Múltlipa Escolha.

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