"...Mas o quociente de dor que a gente sofre já não é chocante o bastante para não precisar de uma amplificação ficcional, que dê às coisas uma intensidade que é efêmera na vida e que por vezes chega a passar despercebida? Não para algumas pessoas.
Para umas poucas, muito poucas, essa amplificação, que brota do nada, insegura, constitui a única confirmação, e a vida não vivida, especulada, traçada no papel impresso, é a vida cujo significado acaba sendo mais importante..." (Philip Roth, Fantasma Sai de Cena).

sábado, 11 de setembro de 2010

A maior riqueza

A maior riqueza de um homem são seus amigos. Quão maior for a profundidade e a qualidade das amizades feitas, maior será o proveito de nossa passagem pela vida. Recentemente tive de enfrentar uma situação difícil, a qual foi resolvida com o apoio de amigos preciosos.

Ao lado de estarem ao meu lado nessas horas sombrias, essas pessoas também me deixaram pedacinhos de suas experiências pessoais - verdadeiras lições de como levar uma vida menos tormentosa.

Hoje de manhã tive uma conversa com uma amiga que muito me auxiliou nos últimos tempos. A conversa iniciada por amenidades logo chegou a profundidades só acessíveis a pessoas que se compreendem.
Minha interlocutora então me contou sobre uma teoria (que depois vim descobrir se tratar da teoria da janela de Joharti), para a qual nossa identidade seria como uma janela dividida em quatro partes: uma parte da janela representaria aqueles elementos de nosso ser que estão visíveis para nós mesmos e para as demais pessoas; outra parte representaria aquilo que só nós conseguimos visualizar sobre nós mesmos; uma outra parte representaria aquilo que só as outras pessoas conseguem visualizar sobre nós; e a última parte da janela simbolizaria o completo desconhecimento, aquilo que não é visto nem conhecido por ninguém (sequer por nós).

O interessante, segundo minha leitura (ou segundo meu desvirtuamento) dessa teoria, seria a noção de que quanto maior for a parte que os outros conseguem conhecer de nós, menor será a parte que simboliza o completo desconhecimento sobre nosso self. Em outras palavras, o conhecimento do outro sobre nós (quando permitimos sejamos conhecidos de verdade), ajuda a dirigir um pequeno feixe de luz sobre nossos sentimentos mais indecifráveis.

Assim, de bons relacionamentos extraímos lições para nos conhecermos e vivermos melhor, assim bons amigos são nossa maior riqueza...

Interlúdio

As palavras estão muito ditas
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.


Não me digas que há futuro
nem passado.
Deixa o presente — claro muro
sem coisas escritas.

Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado.

Em águas de eternamente,
o cometa dos meus males
afunda, desarvorado.

Fico ao teu lado.

(CM).

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