Outra interpretação possível para "Tiras as mãos de mim" (*) é a de uma mulher conversando consigo mesma.
Ao invés de externar ao seu atual companheiro que ama outra pessoa, a mulher simplesmente olha para o homem diante de si e pensa: "Tiras as mãos de mim", porque não te quero; mas "Põe as mãos em mim", porque tuas mãos serão as mãos do meu amado quando eu fechar os olhos.
Em outras palavras, a mulher tenta suportar a falta do ser amado, utilizando-se de uma pessoa que fará as vezes deste, embora não existam semelhanças entre os dois indivíduos.
Na verdade, tamanha é a diferença entre os dois homens, que é possível cogitar ter a mulher escolhido um novo amante sem qualquer qualidade, seja para que isso ressaltasse os bons predicados do antigo amado, seja para que isso lhe torturasse ainda mais a alma, dando vazão a um sentimento de culpa inconsciente.
Fato é haver um desprezo pelo atual companheiro ("Na guerra és vil/ Na cama és mocho"), circunstância a colorir com certa ironia o melancólico novo relacionamento...
(*) O álbum Chico Canta, no qual se encontra essa música, foi concebido como trilha sonora para a peça Calabar: O elogio da Traição. Ao lado das interpretações feitas neste e no anterior post - e de infinitas interpretações possíveis -, há uma leitura "oficial" para "Tira as mãos de mim": a canção retrataria um episódio da invasão Holandesa no Brasil, envolvendo Domingos Fernandes Calabar, sua esposa Bárbara e Sebastião Couto, amigo de Calabar (vide http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno05-04.html).
sábado, 25 de setembro de 2010
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