"...Mas o quociente de dor que a gente sofre já não é chocante o bastante para não precisar de uma amplificação ficcional, que dê às coisas uma intensidade que é efêmera na vida e que por vezes chega a passar despercebida? Não para algumas pessoas.
Para umas poucas, muito poucas, essa amplificação, que brota do nada, insegura, constitui a única confirmação, e a vida não vivida, especulada, traçada no papel impresso, é a vida cujo significado acaba sendo mais importante..." (Philip Roth, Fantasma Sai de Cena).

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Perguntas musicais que não querem calar - parte II

Seguindo a série iniciada com a postagem anterior, e como lá antecipado, Moby traz a segunda pergunta musical que não quer calar. A letra praticamente se resume à indagação que lhe dá título:
"por que meu coração se sente tão mal?"


"Why does my heart feel so bad?
Why does my soul feel so bad?

These open doors
These open doors"

Ao contrário do que Travis faz com música mencionada no post anterior, em que é sugerida uma resposta à pergunta feita, Moby faz questão de perguntar e não responder. E aí reside o legal nessa canção: o convite a que seja preenchida essa lacuna pelo próprio ouvinte.

(aliás, há tantos motivos para um coração se sentir mal, que soaria ou óbvia ou pretensiosa qualquer resposta que fosse dada pelo artista).  

E no escutar e responder silenciosamente à pergunta, cada um acaba abrindo um pouco as portas fechadas dentro de si, e espiando para dentro de quartos escuros...

A existência de expressões artísticas que incitam à reflexão é um bálsamo numa sociedade acostumada
a receber informações regurgitadas e apreciar filmes, músicas e livros de conteúdo óbvio e auto-explicativo.

Mas se vontade não é de investigar respostas, é possível simplesmente ver o clipe da música (http://www.youtube.com/watch?v=1AHs7uAV1mA), e talvez se identificar com o simpático e solitário protagonista da animação...

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