Recentemente
dois filmes, igualmente excelentes, voltaram minha atenção
ao papel do feminino enquanto antídoto à violência atávica do gênero masculino.
No
primeiro - "E agora, aonde vamos?" -, mulheres de um
vilarejo isolado do Líbano (praticamente sem
comunicação com o resto do mundo) fazem de tudo para
que os homens da comunidade, divididos entre católicos e
muçulmanos, não se exterminem mutuamente.
O
convívio no vilarejo entre os grupos religiosos antagônicos
até então era razoável, mas brigas insignificâncias começam a indicar a
deterioração daquela paz anômala. Temendo então
que seus maridos e filhos se engalfinhem numa luta sem vencedores, as
esposas e mães desse vilarejo, pondo de lado diferenças
religiosas, fazem mil planos para acalmar os marmanjos briguentos:
desde sabotar a única televisão do local, para que não
se tenham notícias dos conflitos religiosos de alhures, até
a inusitada contratação de dançarinas
do leste europeu, que acampam no vilarejo em mini-shorts, tops e
olhares lânguidos, fazendo com que os litigantes se esqueçam
quem foram Jesus e Alá...
O segundo filme - “Incêndios” - é uma sucessão
de socos no estômago do espectador (essa é a metáfora
mais próxima que me vem à mente): dois irmãos
recebem de um notário a obrigação de cumprir o
testamento da mãe recentemente falecida. Nessa incumbência,
vão acabar no Líbano e descobrir o passado oculto e
insólito da genitora, que teve participação decisiva
em evento político marcante na história daquele país...
Sobre
“Incêndios” não dá para dizer muito mais, sob
pena de estragar a diversão, pois o incrível do filme
também é o progressivo desvendar de mistérios,
culminando com um gancho no queixo que nocauteia até o
espectador mais resistente.
Entre
um filme e outro, mais de mês se passou. Mas terminei de ver o
último e logo pensei no primeiro.
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