Cheguei em casa (já estou chamando quarto de hotel de “casa”) cheio planos, mas tive de subir pelas escadas: não havia energia pra mover os elevadores. Não havia energia pra mover nada; só essas idéias.
Daí me dei conta (e logo me esquecerei) que nunca sabemos quando a falta de algo vai nos deixar em um quarto escuro, só com os planos concebidos e não executados... "Tantos planes, tantos planes vueltos espuma..."
Isso me remeteu à noite de ontem, quando veio até minha mesa (em um restaurante da cidade), um senhor de paletó, chapéu Panamá, maquiagem de palhaço melancólico, e cavaquinho em punho. Era um artista de rua. Perguntou se podia cantar uma música, e iniciou a canção (muito bem cantada):
A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade perdida
Fim da tempestade
O sol nascerá
Finda esta saudade
Hei de ter outro alguém para amar
Aquilo fez todo sentido. Assim como a falta, agora da luz, está fazendo. E a ausência de algo não é de todo ruim, porque nos obriga a sermos mais presentes, e menos hipotéticos. Mais realizações e menos cogitações, como esse texto, que sai assim às pressas e à primeira palavra, pois a bateria do note também vai faltar... A ausência leva à urgência, e esta nos leva a sermos menos exigentes com nós mesmos...
Se não fosse a urgência de agir, talvez nunca realizássemos certas coisas, em relação às quais ensaiamos demais...
¿Quien sabe cuándo,
cuándo es el momento de decir: ahora?
Si todo alrededor te está gritando:
¡Sin demora, sin demora!
(Jorge Drexler)
sexta-feira, 22 de maio de 2009
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"Tudo de alegrias e de tristezas conheci
ResponderExcluirCoisas do amor e do sofrer eu já senti
Nada me transforma a alegria de viver
Vêr a noite vir e sorrir ao sol nascer
Vivo esperando o novo dia
Que irá trazer a luz que sempre ficará..." Cartola