"...Mas o quociente de dor que a gente sofre já não é chocante o bastante para não precisar de uma amplificação ficcional, que dê às coisas uma intensidade que é efêmera na vida e que por vezes chega a passar despercebida? Não para algumas pessoas.
Para umas poucas, muito poucas, essa amplificação, que brota do nada, insegura, constitui a única confirmação, e a vida não vivida, especulada, traçada no papel impresso, é a vida cujo significado acaba sendo mais importante..." (Philip Roth, Fantasma Sai de Cena).

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A origem do Filósofo Amador

Dois anos de silêncio. Dois anos de distância. Neste momento, em frente à página em branco e ao cursor intermitente, o afastamento se materializa e pesa sobre mim. Só agora, tentando avaliar a dificuldade de voltar a escrever, vejo o quão longe deste blog me coloquei...

Queria escrever um post sobre a origem do Filósofo Amador. Afinal, nada mais clichê do que explicar a origem do herói no terceiro livro da saga...

Botei na cabeça que precisaria rever o filme "Nunca aos domingos" para escrever o texto, e entrei numa onda de protelações levantada pela dificuldade de achar a película.

Enfim, quando percebi que minha exigência obstava a realização de uma ação necessária, abri mão da exigência, e me dispus a acreditar que um resultado qualquer é melhor que resultado nenhum - e que quem espera demais é porque já perdeu o trem.

Portanto, vamos lá: o Filósofo Amador remete ao filme "Nunca aos Domingos", cujo enredo traz um protagonista que viaja à Grécia em busca de uma explicação para o decaimento da cultura grega clássica , que tanto influenciou a civilização ocidental moderna. Em determinada cena, ao ser questionado sobre sua ocupação, autodenomina-se timidamente um "filósofo amador" - expressão cujo significado, para mim, hoje já se desprendeu do filme.

Nesses dois anos de silêncio, dentre tantas experiências vividas, também fui à Grécia, como o filósofo amador do filme. A escolha do destino, para quem nunca havia viajado para a Europa antes, certamente não foi obra do acaso.

Homer, o protagonista de "Nunca aos Domingos", não obteve resposta a suas perguntas ao visitar o berço cultural da civilização ocidental. Assim também eu voltei de lá sem resposta às minhas. Porém,  quanto mais leio sobre o pensamento da Grécia Arcaica, mais tenho convicção de que a origem deve ser revisitada e estudada, para se conhecer o hoje e se determinar o amanhã.



(Em primeiro plano, o Teatro de Delfos; no fundo, ruínas do Templo de Apolo, onde se localizava o Oráculo mais famoso da antiguidade clássica).




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