"...Mas o quociente de dor que a gente sofre já não é chocante o bastante para não precisar de uma amplificação ficcional, que dê às coisas uma intensidade que é efêmera na vida e que por vezes chega a passar despercebida? Não para algumas pessoas.
Para umas poucas, muito poucas, essa amplificação, que brota do nada, insegura, constitui a única confirmação, e a vida não vivida, especulada, traçada no papel impresso, é a vida cujo significado acaba sendo mais importante..." (Philip Roth, Fantasma Sai de Cena).

domingo, 4 de julho de 2010

Melhor não pensar

Benjamin Button. Talvez já houvesse pensado nisso. Talvez alguém houvesse me dito algo parecido. Mas me chocou um tanto pensar como a infância e a velhice são duas pontas de uma mesma linha. Das fraldas às fraldas, da dependência de terceiros à dependência de terceiros. Por isso nascer velho e morrer jovem é menos absurdo do que parece. O vazio da mente do bebê e o vazio da mente esclerosada não são tão diferentes. Se nascecemos velhos e rumassemos à infância seria tão doloroso quanto é a ordem inversa. O que subjaz a essa dor é uma mesma certeza: nada é eterno, tudo desaparece...

E sobre a dor da finitude temos de construir o que há entre essas duas pontas. Melhor não pensar.

Um comentário:

  1. Bateu saudade e vim comentar o teu blog...
    Acho q estamos quase na metade dessa jornada... algo q nos impulsiona a aproveitarmos todos os momentos com a intensidade q eles merecem.

    ResponderExcluir